Ficha prática #

Mapa das histórias

Como podem os professores e os alunos utilizar a sua memória visual para memorizar uma história,
interiorizá-la e utilizar as suas próprias palavras para a contar?

Porque é importante?

Memória de elefante!

Contar uma história não é decorá-la! É muito diferente de memorizar um texto previamente escrito até à última palavra… também não é teatro. Assim, a transmissão oral nos tempos antigos permitia aos oradores acrescentar partes e remover outras.

Quando decoramos uma história, a mais pequena omissão, mesmo que seja uma frase, leva a várias lacunas da mesma. Quando se conta uma história, tem-se mais flexibilidade para a improvisação, adaptação ao público ouvinte, ao contexto…

Antigamente, alguns contadores de histórias analfabetos eram capazes de contar histórias uma noite inteira ou durante várias noites seguidas, ou memorizar mais de 500.000 versos de uma epopeia. No entanto, estas histórias eram transmitidas oralmente. Um esforço de memorização que atualmente parece pouco provável! Como é que funcionou a sua memória prodigiosa? Acima de tudo, utilizaram a sua memória auditiva, através de pontos de referência baseados no ritmo, repetição e melodia…

Os contadores de histórias utilizavam padrões de narração, estruturas que eram frequentemente as mesmas e que serviam como pontos de referência. Alguns contadores de histórias diziam que seguiam a personagem “olhando por cima do seu ombro” para melhor “contemplar” o desenrolar da história, entre diferentes “lugares de memória” localizados num mapa que acompanharam ao longo da sua narrativa.

💬 Esta visão cartografada, que não é linear, é útil para ligar diferentes ideias e criar um pensamento. Esse mapa é como um labirinto que desenhamos mentalmente, e do qual temos uma visão global, o que nos permite testar caminhos diferentes.

Por outras palavras, um mapa de histórias ajuda os contadores a “observar” as suas histórias como uma série de imagens. É uma representação do “conteúdo” ou dos “factos” da história, momentos chave sem os quais a história perderia o seu significado. Enquanto contadores, as crianças contam a história, adicionando-lhe “riqueza” ao contá-la com as suas próprias palavras.

O ato de criar um mapa reforça:

  • a memória visual da história, revendo as imagens na sua mente e colocando-as no papel.
  • o conjunto das imagens fáceis de recordar, que ajudarão a recordar toda a história nos seus detalhes.

Esta técnica revela-se muito eficaz no apoio a uma memória profunda que liberta uma possível improvisação.

Como fazer?

Antes das crianças começarem a desenhar os seus mapas de histórias, podem dar as seguintes explicações:

  1. Um mapa de histórias não é um projeto artístico: as imagens de pau são ótimas! Deve demorar 5 -10 minutos, não mais. Um simples lápis também pode ser muito eficaz. Faça uma série de desenhos rápidos e simples que os ajudem a recordar os acontecimentos da história na ordem correta. Desenhe os animais da forma mais simples possível. Talvez o desenho de alguém não faça qualquer sentido para outra pessoa, mas não é necessário fazê-lo, o mapa serve apenas para o narrador!
    Dica: Se tiver dificuldade em desenhar animais, basta desenhar um círculo e rotulá-lo com um C se for um coelho, por exemplo.
  2. Questione: “O que aconteceu primeiro?”. Depois desenhe algo que os ajude a lembrarem-se disso. Depois pense: “Qual é o próximo momento chave?”. Continue desta forma até ter desenhado todas as cenas que representam os grandes acontecimentos.

Sugestões

Incentive os alunos a fazer os mapas da história sem palavras. No entanto, isto não tem de ser uma regra absoluta.

Quando os alunos completarem os seus mapas de histórias, peça-lhes que os utilizem para contar as suas histórias.

DICA: Aqueles que não terminaram a tarefa dentro de um prazo razoável podem terminar os seus mapas de histórias como trabalho de casa.

Certifique-se de que os alunos menos capazes fazem um bom mapa. Se eles tiverem dificuldade em fazer os seus próprios mapas é porque não entenderam realmente a história. Para os ajudar, pode sugerir-lhes que escolham outro conto.

💡 Atividade 1

O professor pode começar a construir o mapa com as crianças para as ajudar a identificar os momentos chave, da história. Uma vez concluído o mapa, pode pedir aos alunos que criem os seus próprios mapas.

💡 Atividade 2

Em alternativa peçam aos alunos que desenhem as sequências da história em folhas de papel ou cartão. Para ajudar na sequenciação, podem então baralhar as folhas ou cartões e colocá-los de volta na ordem correta.

💡 Atividade 3

Momentos e estados de espírito chave. Alguns contadores de histórias gostam de pensar nos momentos chave e definir os seus estados de ânimo, por isso são mais claros quando contam a história. Os estados de ânimo podem ser adicionados ao mapa da história. Tente descobrir o estado de espírito de cada passo no mapa.

Por exemplo: bonito/cómico/triste/violento /fúria /misterioso /religioso/maravilhoso/ feliz…

💡 Atividade 4

Ligação entre a escola/casa. Envie o mapa da história para casa com uma nota dizendo algo do género: “O seu filho fez este mapa de história que está a aprender na aula. Peça-lhe que lhe conte a história, depois preencha este formulário com comentários sobre essa experiência. Obrigado!”

🗺 Exemplo – Mapa 1

Conto “Meia galinha”

Uma galinha deixa a sua casa para reclamar as cem coroas que o rei lhe pediu emprestadas. No caminho encontra uma raposa, um lobo e um rio e leva-os com ela. Estes novos amigos vão ajudá-la a convencer o rei a pagar-lhe as cem coroas.

🗺 Exemplo 2

Conto “A Pequena rosa cor-de-rosa”

Para os mais novos

Uma pequena rosa rosada cujos amigos determinados a encorajam a deixar a sua casa bem debaixo da terra e a desabrochar na bela rosa que esteve sempre destinada a ser.