Ficha prática #

Silêncio, Rodagem, Ação

Nesta ficha falaremos sobre a melhoria da qualidade da narração, utilizando técnicas de visualização.

Idades: 5 a 11 anos

Porque é importante?

A visualização criativa é a primeira coisa que o ouvinte faz na sua mente quando ouve uma história. É aqui que a magia começa. Quanto mais cativante é o narrador, mais brilhantes e fascinantes são as imagens e a noção criada na imaginação dos alunos. Um “filme” é criado na imaginação. Para o criar, o ouvinte será o argumentista, o realizador e o ator. Ele tem de imaginar o cenário e as imagens das personagens, e tudo isto depende, em grande medida, do narrador e das sugestões que faz através da sua entoação, linguagem corporal, dos materiais adicionais que utiliza para ilustrar a história. De modo a criar visuais ricos na mente do seu público, é vantajoso para o narrador visualizar tudo, antes e durante as sessões de narração da história. Se a sua “visão” não for completa ou coerente, pode afastar os ouvintes da história, devido a elementos incoerentes ou de confrontação.

Preparação, Realização

É bom ter uma boa imagem mental da história antes de a contar diante de uma audiência.

Alguns elementos externos que podem estar ligados à história podem ajudar as crianças a construir as suas imagens mentais.

A história será apresentada e visualizada em frente das crianças; narrada por um narrador, com, ou sem elementos visuais de apoio (decorações, bonecos de descoberta, sombras, imagens, brinquedos, kamishibai, etc.) Alguns dos elementos podem ser criados pelos alunos anteriormente. Neste caso, os materiais para fazer decorações e bonecos (cartão, lápis de cor, imagens impressas, brinquedos adequados, bonecos de dedo, palco kamishibai, música adequada, tesoura, cola) precisam de ser preparados com antecedência. A utilização de elementos feitos pelos próprios alunos pode aumentar a motivação destes e envolvê-los no processo de narrar histórias, mesmo que ainda não estejam a contar as histórias.

Ferramentas da motivação

Ter os alunos motivados e atentos é sempre um elemento importante na sessão de narração da história.

A primeira coisa a fazer é o trabalho preparatório de arrumar a sala e criar um ambiente adequado.

Alguns elementos podem ajudar a estimular a imaginação dos alunos na sala:

– Desenhos pendurados nas paredes – cenas de contos e histórias populares das crianças;

– personagens favoritas – como parte dos desenhos ou sob a forma de bonecos e bonecos de papel utilizados no teatro;

– livros com ilustrações;

– lugares para jogos dramáticos.

O tempo de contar histórias não se destina a ser uma fonte de pressão. Por vezes, alguns alunos não vão querer participar na narrativa propriamente dita. É importante não os pressionar para contar histórias, todavia, devem ser incluídos na atividade. Para o fazer, podem ser tomadas algumas medidas. Aqui estão alguns exemplos de atividades alternativas a fim de ajudar na visualização de um conto e estimular a imaginação.

Outras opções, caso os alunos se recusem a participar na atividade

– Propõem-se para serem espetadores, mas com uma tarefa pré-definida ligada às personagens, às suas ações, à atuação dos artistas;

– Organizar um puzzle relacionado com a história.

Atividades específicas relacionadas com os contos de fadas

– Falar de histórias conhecidas ou favoritas, apresentadas através de desenhos/ilustrações; exposição de livros infantis; apresentação multimédia; mostrar as personagens com a ajuda de bonecos; apresentar um momento da história através de expressões faciais e gestos.

– Narração por um narrador/professor, aluno ou gravação áudio do desempenho de um artista.

– Falar sobre a situação, as personagens, os momentos do desenvolvimento da história, visualizados através de imagens dos momentos do desenvolvimento da trama. Os mapas mentais também podem ser desenhados ou utilizados para ilustrar a história e ajudar na visualização cronológica.

– Trabalhar em grupo e criar uma identidade visual para todos no grupo/turma com a ajuda de um nome, crachá, sinal relacionado com as tarefas realizadas.

– Fazer bonecos em papelão e paus, de meias ou luvas de criança, fazer máscaras e decorações.

– Escolher um fundo musical adequado.

– Apresentação da história por crianças ou alunos através da dramatização, narração de histórias através da visualização de imagens e decorações caseiras, apresentação através de kamishibai, para os alunos mais velhos (9-10 anos).

– Fazer uma apresentação em PowerPoint.

– Avaliar o seu próprio trabalho e o dos outros através da visualização – das emoções, expressões faciais apropriadas, aplausos, desenhos, cartões de cores.

De acordo com a experiência e emocionalidade individual de cada criança, a mesma história será interpretada através de tantos “filmes” como o número total de crianças no grupo/turma. Seria interessante para elas apresentar as suas visões da situação e atmosfera – natureza, edifícios, cores, aromas, sons; e os personagens – aparência, vestuário e modo de falar.

Percebendo a possibilidade de criarem elas próprias o seu próprio filme na sua imaginação, as crianças terão mais vontade de ler e contar histórias, em vez de ficarem satisfeitas com os filmes já existentes, algo que infelizmente é muito comum atualmente.