No dia 21 de outubro (dedicado às Onze Mil Virgens) do ano de 1147, foi, como já fica dito n’este artigo, o último ataque e a tomada de Lisboa aos mouros; porque os portugueses e aliados, se achavam exaustos e cansados por cinco meses de cerco, e tinham jurado vencer ou morrer.
Combatiam os católicos com fúria desusada para conquistarem a cidade; porém, os mouros, com igual ousadia tratavam de vender caras as vidas, em defesa de suas famílias, das suas casas e da sua bela cidade de Lisboa.
Não cessavam os instrumentos então em uso, na diligencia de baterem e derrubarem os muros, e arrombarem as portas.
Em uma d’estas, que ficava na muralha do N. do castelo, se travou duríssimo combate; porque abrindo-a os portugueses, acudiram os moiros para a fecharem.
Então o valoroso Martim Moniz (filho de Egas Moniz, e progenitor dos atuais marqueses de Castelo Melhor, e de todos os Vasconcelos) se deitou no chão, segurando uma das portas com os pés e a outra com os ombros.
Os mouros o mataram ás lançadas, mas o seu cadáver ainda serviu de impedimento a que as portas se fechassem.
Desde então, e ainda hoje se chama porta do Moniz aquela em que teve lugar este ato de abnegação d’aquele português benemérito.