Então o Sol e o Vento… viviam todos com a mãe, uma senhora de idade. E depois, vem o Vento, a casa do Vento e foi um senhor pobre pedir para… pedir lá. Tinha muitas necessidades…
Primeiro foi ao Sol, depois foi à Lua e depois foi ao Vento. Assim é que é! E então foi ao Sol. E o homenzinho disse que tinha família, tinha filhos, não tinha que lhes dar e então lembrou-se em ir à casa do Sol pedir. E a mãe do Sol disse:
– Ai! Olhe, tenha cuidado! Eu não sei se o meu filho o quer receber. O Sol vem muito forte e pode fazer mal.
– Ah, mas eu espero…
– Ai, eu aconselho… Aconselho a que se vá embora, porque o meu filho até queima…
E o pobre do homenzito lá foi, lá foi…
Depois foi à casa da Lua. E a mãe da Lua disse:
– Ai! Eu, se fosse a si ia-me embora… Oh, até que a Lua venha… E depois assim…Oh! O senhor vá-se embora.
– Ah, mas se eu não tenho que comer, se eu não tenho nada para dar aos meus filhos, o que é que eu faço?
– Olhe, vá andando… Este quarto agora não é um quarto muito bom, a Lua está transformada. É melhor ir andando.
Bom, o pobrezinho lá foi, lá foi, foi à casa do Vento. Depois o vento… Foi, foi, veio o Vento, e ele:
– Então e o seu filho?
– O meu filho não deve demorar muito, mas eu não sei o que lhe posso fazer.
Mas ele ainda demora. Não sei o que demora, mas não deve demorar muito.
– Ai, então eu espero.
– Ah, então sente-se aí e espere.
Vem o Vento. O Vento com uma grande velocidade e grande força…
– Ó mãe, tem carne cabral por aí e não me quer dar?
E a mãe respondeu:
– Não, filho, não tenho. Tenho é ali um homenzinho que tem dificuldades e gostava que lhe desses alguma coisa. Havias de o receber.
Então o Vento recebeu-o.
– Ah, tenho cinco filhos, tenho dificuldades. Isto agora é uma altura que não se ganha e eu gostava que me desse alguma coisa.
– Então e o que é que diz do Vento? – Disse ele.
– Ah, o que é que digo do Vento? O Vento é melhor coisa que há! Então: mói a farinha, faz mover os moinhos, faz limpar os trigos e as favas e isso tudo. Ai, a gente não podia passar sem o Vento. É a melhor coisa que há!
– Ai sim? Gosta do vento? Olhe, então agora vai para casa e leve este guardanapo. Não lhe dou mais nada. Vai para casa, junte o seu pessoal, leve este guardanapo e diga “Abre-te guardanapo; põe-te mesa!”
Bom, o homem foi para casa. Foi para casa e diz a mulher assim:
– Então, homem, conseguiste alguma coisa?
– Olha, eu não sei, eu espero que sim. Junta lá aí a família que eu vou…
Bom, o homem chega, abre o guardanapo em cima da mesa. Já estava o pessoal todo. Diz ele assim:
– Abre-te guardanapo; põe-te mesa!
Ora, a mesa apareceu fornecida de comer.
(Ah, e depois, o Vento disse: “E quando acabar a refeição, diga para se fechar o guardanapo e à outra vez, você ter refeição para muito tempo”).
Ora, o homem encantado.
E vai um vizinho curioso, que eles andavam alegres e felizes, e então diz assim:
– Afinal, o que é que se passa contigo? Então tu tinhas uma vida tão infeliz e agora vocês andam tudo bem?
– Ah, sabe-se lá vizinho. Então aconteceu isto e isto, e fui correr e fui à porta do Vento.
– Ah sim? Então, e o que é que eles…
– Olhe, deu-me este guardanapo para eu pôr na mesa.
– Ah! Deixa estar que eu lá vou!
Bom, o homem lá foi. Informou-se no vizinho onde era e lá foi. Bom, correu as coisas e vai o Vento pergunta-lhe:
– O que é você diz do Vento?
– Ah, o que é que eu digo do vento? Às vezes nem se pode aturar. Leva isto, leva aquilo, voam as coisas, dá cabo de tudo!
– Ah? Olhe, então leve lá este guardanapo. E chega a casa e diz… Junta o seu pessoal e diga: “Abre-te guardanapo; salta, garrocho!”
Oh! O homem lá foi, pôs a mesa…
O homem chega a casa:
– Abre-te guardanapo; salta, garrocho!
O garrocho saltou, bateu na cabeça deles todos. Andou para um lado e para o outro, aquilo foi uma…(risos). Porque ele disse mal do Vento a ele próprio e o Vento não gostou!
A moral da história é que de tudo temos falta, temos falta do Sol, da Lua e disso tudo.
E o Vento, tem certas alturas também faz falta. E agora, com estas coisas que eles põem, mesmo naquele tempo havia bastantes moinhos…